A trajetória de Tomoshige Kusuno exemplifica com clareza uma situação que parece ser mais regra do que exceção em nosso meio cultural.
Ele é o mais diferenciado e inquieto dos artistas nipo-brasileiros, uma unanimidade para os que acompanham o movimento artístico nacional dos anos 60 para cá.
No entanto, talvez por não ser um mero repetidor de fórmulas de sucesso, o trabalho de Tomoshige Kusuno – que este ano completou 60 anos de idade – ainda é pouco conhecido do público e não tem posição mercadológica compatível com sua qualidade e importância.
Esta mostra reúne um conjunto de raras e inéditas obras realizadas entre 60 e 70, abrangendo da fase neo-figurativa da OPINIÃO 65 e Bienal de Paris à guinada minimalista-zen, ainda hoje surpreendentemente atuais em sua beleza e síntese.
Realizar esta mostra representou para nós encarar vários desafios. Um, o de recolocar em seu merecido posto um nome de primeira grandeza. Outro, realizar essa individual na Ricardo Camargo Galeria, o que acrescenta um novo conceito a nosso projeto: o de repensar e enfocar artistas atuantes, de variadas tendências, que têm em comum a obra fluente e madura, contundente e inspirada, como espelho de seu tempo.
Ricardo Camargo
Roberto Rugiero
Obras participantes
Tomoshige Kusuno "Ski" (1969) tinta acrílica sobre tela esticada e estrutura de madeira 133 x 86 cm. Tomoshige Kusuno "Válvulas" (1965) nanquim, lápis e pastel 68 x 68 cm. Tomoshige Kusuno "Enseada" (1969) tinta Duko sobre madeira e tela esticada, com madeira presa na lateral 162 x 135 cm. Tomoshige Kusuno "Colinas" (1969) tinta acrílica sobre madeira e tela esticada 146 x 95 cm. Tomoshige Kusuno "O Brilho da Lua" (1968) tinta Duko sobre madeira e tela esticada 220 x 160 cm.